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TDAH: o que é, sintomas e tratamento



O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, conhecido como TDAH, é caracterizado por sintomas como desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade. Esta é uma doença comum na infância, mas pode persistir em adultos, especialmente se as crianças não forem tratadas.


Os primeiros sinais do transtorno aparecem após os 7 anos, quando as estruturas que regulam a atenção e o comportamento amadurecem. Além disso, esses sinais são mais fáceis de identificar em meninos, e muitas vezes incluem desatenção excessiva, agitação emocional, teimosia, agressividade ou atitudes impulsivas, que podem levar a criança a se comportar de forma inadequada.


Desse modo, o TDAH pode afetar o desempenho acadêmico da criança justamente pela desatenção, falta de concentração e distração , além de gerar muito estresse para os pais, familiares e cuidadores.


Nos Estados Unidos, aproximadamente 17 milhões de pessoas sofrem deste problema. No Brasil, apesar das estatísticas inconsistentes, estima-se que 3 milhões de brasileiros tenham a doença, porém, a maioria não sabe que tem.


Quais são as causas do TDAH?


Ainda não há uma resposta definitiva para essa pergunta, mas acredita-se ser uma combinação de fatores ambientais, genéticos e biológicos. Como o transtorno ocorre em diferentes partes do mundo, não se acredita que o transtorno seja secundário a fatores culturais ou conflitos psicológicos.


Alguns genes parecem estar mais envolvidos na suscetibilidade ao TDAH do que na educação dos pais, o que não parece ter muito efeito. Estudos mostram que o consumo de álcool e nicotina durante a gravidez pode levar a alterações no cérebro do bebê, contribuindo para o desenvolvimento da doença, além de sofrimento fetal ao nascer, mas nada foi definitivamente concluído.


O TDAH atinge apenas a população infantil?


O TDAH ocorre em crianças e adultos, homens e mulheres, meninos e meninas, e em todos os grupos raciais, classes socioeconômicas, níveis educacionais e intelectuais. Até recentemente, pensava-se que o transtorno era exclusivo da infância e tendia a desaparecer espontaneamente durante a adolescência.


Hoje, no entanto, sabemos que apenas 1/3 das pessoas com TDAH o superam na adolescência e 2/3 viverão com o transtorno por toda a vida. Uma condição básica para diagnosticar problemas em adultos é uma história do transtorno na infância (antes dos 7 anos). Por isso, o relato do paciente, bem como de seus parentes e amigos, é muito importante.


Quais são os sintomas do TDAH na vida adulta?


Para facilitar a identificação do TDAH na população adulta, a Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva lista 50 critérios que abordam não apenas os principais sintomas da DDA (desatenção, hiperatividade e impulsividade), mas também os secundários muitas vezes causados ​​por dificuldades crônicas.


Vale lembrar que tudo depende das condições que a pessoa enfrenta em todos os aspectos da vida.


1º Grupo: Instabilidade da atenção


1. Desvia facilmente sua atenção do que está fazendo, quando recebe um pequeno estímulo. Um assobio do vizinho é suficiente para interromper uma leitura.

2. Tem dificuldade de prestar atenção à fala dos outros. Numa conversa com outra pessoa tende a captar apenas “pedaços” soltos do assunto.

3. Desorganização cotidiana. Tende a perder objetos (chaves, celular, canetas, papéis), atrasar-se ou faltar a compromissos, esquecer o dia de pagamento das contas (luz, gás, telefone, seguro).

4. Frequentemente apresenta “brancos” durante uma conversa. A pessoa está explicando um assunto e, no meio da fala, esquece o que iria dizer.

5.Tendência a interromper a fala do outro. No meio de uma conversa lembra-se de algo e fala sem esperar o outro completar o seu raciocínio.

6. Costuma cometer erros de fala, leitura ou escrita. Esquece uma palavra no meio de uma frase ou tem dificuldade em pronunciar palavras muito longas.

7. Presença de hiperfoco, ou seja, concentração intensa em um único assunto num determinado período. Um TDA pode ficar horas a fio no computador sem se dar conta do que acontece ao seu redor.

8. Dificuldade de permanecer em atividades obrigatórias de longa duração, como ouvir uma palestra ou assistir a um filme, cujos temas não lhe despertem interesse ou que não o faça entrar em hiperfoco.

9. Interrompe tarefas no meio. Um TDA frequentemente não lê um artigo de revista até o fim, ou ouve um CD inteiro.


2º Grupo: Hiperatividade física e/ou mental


10. Dificuldade em permanecer sentado por muito tempo. Durante uma palestra ou sessão de cinema costuma mexer-se o tempo todo na tentativa de permanecer em seu lugar.

11. Está sempre mexendo com os pés ou as mãos. São os indivíduos que têm os pés “nervosos”, girando suas cadeiras de trabalho, ou que estão sempre com suas mãos ocupadas, pegando objetos, desenhando em papéis ou ainda ajeitando suas roupas ou seus cabelos.

12. Constante sensação de inquietação ou ansiedade. Um TDA sempre tem a sensação de que tem algo a fazer ou pensar, de que alguma coisa está faltando.

13. Tendência a estar sempre ocupado com alguma problemática em relação a si ou com os outros. São as pessoas que ficam “remoendo” sobre suas falhas cometidas, ou ainda sobre os problemas de amigos ou conhecidos.

14. Costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo. É a pessoa que lê e vê TV ou ouve música simultaneamente.

15. Envolve-se em vários projetos ao mesmo tempo. Um exemplo é a pessoa que tem várias ideias simultaneamente e acaba por não levar a cabo nenhuma delas, em função desta dispersão.

16. Às vezes se envolve em situações de alto risco em busca de estímulos fortes, como dirigir em alta velocidade.

17. Frequentemente fala sem parar, monopolizando as conversas em grupo. É a pessoa que fala sem se dar conta de que as outras pessoas estão tentando emitir suas opiniões. Além de disso, não percebe impacto que o conteúdo do seu discurso pode estar causando a outras pessoas.


3º Grupo: Impulsividade


18. Baixa tolerância à frustração. Quando quer algo não consegue esperar, lança-se impulsivamente numa tarefa. Mas como tudo na vida requer tempo, tende a se frustrar e desanimar facilmente.

19. Costuma responder a alguém antes que este complete a pergunta. Não consegue conter o impulso de responder ao primeiro estímulo criado pelo início de uma pergunta.

20. Costuma provocar situações constrangedoras, por falar o que vem à mente sem filtrar o que vai ser dito. Durante uma discussão, um TDA pode deixar escapar ofensas impulsivas.

21. Impaciência marcante no ato de esperar ou aguardar por algo. Filas, telefonemas, atendimento em lojas ou restaurantes podem ser uma tortura.

22. Impulsividade para comprar, sair de empregos, romper relacionamentos, praticar esportes radicais, comer, jogar etc. É aquela pessoa que rompe um relacionamento várias vezes e volta logo depois, arrependida.

23. Reage irrefletidamente às provocações, críticas ou rejeição. É o tipo de pessoa que explode de raiva ao sentir-se rejeitada.

24. Tendência a não seguir regras ou normas preestabelecidas. Um exemplo seria o trabalhador que teima em não usar equipamentos de segurança, apesar de saber da importância destes.

25. Compulsividade. Na realidade a compulsão ocorre pela repetição constante dos impulsos, os quais, com o tempo, passam a fazer parte da vida dessas pessoas, como as compulsões por compras, jogos, alimentação etc.

26. Sexualidade instável. Tende a apresentar períodos de grande impulsividade sexual, alternados com fases de baixo desejo.

27. Ações contraditórias. Um TDA é capaz de ter uma explosão de raiva por causa de um pequeno detalhe (por mexerem em sua mesa de trabalho, por exemplo) numa hora e, poucos momentos mais tarde, ser capaz de uma grande demonstração de afeto, através de um belo cartão, flores ou um carinho explícito.

28. Hipersensibilidade. O TDA costuma melindrar-se facilmente. Uma simples observação desfavorável sobre a cor de seus sapatos é suficiente para deixá-lo internamente arrasado, sentindo-se inadequado.

29. Hiperreatividade. Esta é uma característica que faz com que o TDA se contagie facilmente com os sentimentos dos outros. Pode ficar profundamente triste ao ver alguém chorar, mesmo sem saber o motivo, ao mesmo tempo que pode ficar muito agitado ou irritado em ambientes barulhentos ou em presença de multidão.

30. Tendência a culpar os outros. Um TDA, muitas vezes, poderá culpar outra pessoa por seus fracassos e erros, como o aluno que culpa o colega de turma por ter errado em uma questão da prova, já que este colega estava cantarolando baixinho naquele momento.

31. Mudanças bruscas e repentinas de humor (instabilidade de humor). O TDA costuma mudar de humor rapidamente, várias vezes no mesmo dia, dependendo dos acontecimentos externos ou ainda de seu estado cerebral, uma vez que o cérebro do TDA pode entrar em exaustão, prejudicando a modulação do seu estado de humor.

32. Tendência a ser muito criativo e intuitivo. O impulso criativo do TDA é talvez a maior de suas virtudes. Pode se manifestar nas mais diversas áreas do conhecimento humano.

33. Tendência ao “desespero”. Quando se vê diante de uma dificuldade, o TDA tende a vê-la como algo impossível de ser transposto e, com isso, sente-se tomado por uma grande sensação de incapacidade. Sua primeira reação é o “desespero”. Só mais tarde consegue raciocinar e constatar o verdadeiro “peso” que o problema tem.


4º Grupo: Sintomas secundários


34. Tendência a ter um desempenho profissional abaixo do esperado para sua real capacidade.

35. Baixa autoestima. Em geral, o TDA sofre desde muito cedo uma grande carga de repreensões e críticas negativas. Sem compreender a razão disso, com o passar do tempo, ele tende a se ver de maneira depreciativa.

36. Dependência química. Pode ocorrer como consequência do uso abusivo e impulsivo de drogas durante vários anos.

37. Depressões frequentes. Ocorrem, em geral, por uma exaustão cerebral associada às frustrações provenientes de relacionamentos malsucedidos e fracassos profissionais e sociais.

38. Intensa dificuldade em manter relacionamentos afetivos.

39. Demora excessiva para iniciar ou executar algum trabalho. Estes fatos ocorrem pela combinação nada produtiva de desorganização aliada a uma grande insegurança pessoal.

40. Baixa tolerância ao estresse. Toda situação de estresse leva a um desgaste intenso da atividade cerebral. No caso de um cérebro TDA, este desgaste apresentar-se-á de maneira mais marcante.

41. Tendência a apresentar um lado “criança” que aparecerá, por toda a vida, na forma de brincadeiras, humor refinado, caprichos, pensamentos mágicos e intensa capacidade de fantasiar fatos e histórias.

42. Tendência a tropeçar, cair ou derrubar objetos. Isto ocorre em função da dificuldade do TDA de concentrar-se nos atos e de controlar ou coordenar a intensidade de seus movimentos.

43. Tendência a apresentar uma caligrafia de difícil entendimento.

44. Tensão pré-menstrual muito marcada. Ao que tudo indica, em função das alterações hormonais durante este período, que intensificam os sintomas do TDA. A retenção de líquido que ocorre durante os dias que antecedem a menstruação parece ser um dos fatores mais importantes.

45. Dificuldade em orientação espacial. Encontrar o carro no estacionamento do shopping quase sempre é um desafio para um TDA.

46. Avaliação temporal prejudicada. Esperar por um TDA pode ser algo muito desagradável, pois, em geral, sua noção de tempo nunca corresponde ao tempo real.

47. Tendência à inversão dos horários de dormir. Em geral adormece e desperta tardiamente, por isso alguns deles acabam viciando-se em algum tipo de hipnótico.

48. Hipersensibilidade a ruídos, principalmente se repetitivos.

49. Tendência a exercer mais de uma atividade profissional, simultânea ou não.


E, finalmente, o último critério, que não se enquadra em nenhum dos quatro grupos de sintomas, mas tem sua relevância confirmada pelos estudos que apontam participação genética marcante na gênese do TDA: história familiar positiva para TDAH.


Existe tratamento para o TDAH?


Existe tratamento para o TDAH, e é feito por meio de uma equipe multidisciplinar que inclui psiquiatra, psicólogo, educador e responsáveis ​​pelas crianças.


As intervenções psicoterapêuticas mais eficazes são as cognitivo-comportamentais, e muitas vezes também é necessário o tratamento psicofarmacológico com medicamentos prescritos por um psiquiatra.


É importante que os profissionais de saúde eduquem as famílias e forneçam informações claras para gerenciar os sintomas do paciente da melhor maneira possível. Além disso, é importante intervir ao nível da escola para garantir o desempenho ideal das crianças. A terapia de reeducação psicomotora também pode ser necessária para melhorar o controle motor.


Este post foi produzido com base no artigo http://draanabeatriz.com.br/portfolio/transtorno-do-deficit-de-atencao-tda-ou-tdah-em-adultos/ , desenvolvido pela Médica Psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva.



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